sexta-feira, 4 de março de 2016

Corrupção parecia coisa natural, como bostas de cavalo em uma estrada.

Dia 04/03/2016, o ex-presidente é interrogado pela Polícia Federal como se um delinquente fosse. Casas de amigos dele são revistadas e documentos apreendidos. Falam em ‘fim do mundo’, referindo-se obviamente ao término da Era Petista. À tarde Lula fala pela televisão. Lembra seu passado de lutas, mas um passado honesto pode ser destruído por ulteriores decisões desonestas. Afirma, quase temerariamente, que a justiça o está perseguindo indevidamente; todo acusado tem direito a negar seus crimes, mesmo não sendo a melhor maneira de se redimir. E pareceu conclamar os que ainda o admiram a defende-lo, numa luta intestina de seu povo.
Mas, estou lendo um livro que me fez refletir. Depois do Banquete, de Yukio Mishima, fala de uma campanha acirrada para primeiro ministro, no Japão. De um lado o Partido Conservador – o equivalente ao PSDB – de outro o Partido Liberal – com muito boa vontade podemos equipará-lo ao PT. Kasu, esposa do candidato derrotado dos liberais, faz esta reflexão: “Pouco antes da eleição o dinheiro do Partido Liberal começou a esgotar-se, enquanto uma grande torrente de dinheiro foi canalizada para os cofres do Partido Conservador. Daí o dinheiro escoava pelas ruas aos borbotões para conquistar os depravados e os desgraçadamente pobres. O dinheiro luzia como o sol, fazendo crescer as plantas venenosas e as ervas daninhas. A desilusão sempre experimentada no Japão pelas forças radicais continuaria. Que houvesse corrupção durante uma campanha ou que a vitória sorrisse pelas mãos do poder econômico, nada disso surpreendia; pareciam coisas naturais como bostas de cavalo em uma estrada de pedras”.

Pensei: durante grande parte de minha vida, vi a elite econômica dominar o Brasil e pensava: ‘roubam mas fazem’; então Lula ganhou a eleição. O dinheiro gordo não ajudou os partidos conservadores porque o povo não os queria mais. Pena foi que no poder Lula decidiu: Nunca mais vamos viver de migalhas, daqui pra frente o dinheiro grosso virá pra nós.

E o país se danou.

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