sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Vivemos num gueto apertado: o dos homens de bem.

É preciso escolher bem o genro.
- Mas Zé, é a filha da gente que escolhe o cara!
Meus dois genros são homens inteligentes, mas um deles insiste em me converter ao PT me mandando textos inteligentes e pejados de ‘cerca lourenço’. Desta vez foi Como Conversar com um Fascista, de Marcia Angelita Tiburi. Uma bela gaúcha professora de filosofia. 

Ela assim defini: “O conhecimento, que deveria ser um processo de encontro e disposição, sucumbe à sua própria negação. Daí a impressão que temos de que uma personalidade autoritária é, também, burra, pois ela não consegue entender o outro”. Para ela um fascista é um autoritário: “prega a intolerância, que afirma coisas tão estarrecedoras, como ‘quilombolas, índios, gays e lésbicas são tudo o que não presta’, é a destruição do conhecimento, como relação com o outro; o que está na base da democracia”. Um fascista é contra a Democracia. Ora, você meu amigo que vivi pedindo a volta dos militares ao poder desistiu de se abrigar na democracia e quer mais é o autoritarismo, fascismo.
Vê se dá pra concordar com ela? “O fascismo produz opressão de um lado e de outro seduz para a forma autoritária de viver garantindo aos que vivem esvaziados de pensamento que o mundo está bem como está. O fascismo constrói opiniões públicas e mentalidades coletivas, tira a chance de pensar no que estamos fazendo uns com os outros, o que poderia nos garantir uma vida mais prazerosa. O fascismo também colonizou os prazeres pelo estético-moralismo que é o consumismo ao qual foi reduzida a antiga e emancipatória categoria ética da felicidade.  Mas não devemos aderir a isso só porque as coisas se apresentam assim hoje”.

Então, estamos cercados. Os fascistas autoritários são cúmplices dos capitalistas que nos seduzem à uma vida sem ética, sem valores. Ela não disse, mas nos faz pensar que vivemos num gueto que vai se tornando cada dia mais apertado: o dos homens de bem.   

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Há espaço para uma pessoas passear em paz.

“Lawrence da Arábia me garantiu que lá eu teria paz de espírito”.

Iniciei a leitura de Vento do Saara, de Ronald Bodley. Ele nasceu numa família tradicional inglesa, seu avô abriu a primeira livraria em Oxford e seu pai era historiador. Ele se formou em diplomacia, mas preferiu ser jornalista e na primeira Grande Guerra foi ferido três vezes. As atividades do mundo e a vida agitada lhe incomodavam, foi então que seu amigo lhe aconselhou a ir viver no norte do Saara, entre beduínos.
Falando na terceira pessoa, ele conta: “Quando Mister Bodley, ex-oficial dum regimento inglês, ex-aluno de Eton e criador de cavalos decidiu viver com os nômades até causou pilhérias entre os amigos”.
A parte do Saara em que foi viver fica além da fronteira sul de Marrocos, Argélia e Tunísia. Não era o Saara que a gente conhece. “Lá tem altas montanhas e profundos vales que depois das chuvas se transformam em infinita campina coberta de relva e flores. As dunas de areia ocupam apenas um sexto da sua superfície. Quando se viaja por essas terras, mesmo que tudo tenha sido bem organizado, tem-se de virar as costas para habitações humanas, conforto e a preciosa água. Então movimentar-se por ali é sempre acompanhado por uma sensação assustadora de perigo e desvalimento”. Essas são as situações que mais aproximam o homem de seu Criador. 
O inglês cristão se converteu ao islamismo, “eu rezava cinco vezes ao dia, abstinha-me de álcool, observava jejuns e lia devotamente o Alcorão”.

O que ele descreve agora cala profundamente em quem vive num mundo de corrupção e violência e que não faz outra coisa na vida se não pagar contas e se aborrecer: “Para os árabes do deserto o Saara é o Jardim de Alá, donde Deus removeu todo excesso e deixou poucos seres humanos e animais, a fim de que houvesse espaço para uma pessoas passear em paz”.  

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Pede pra voltar, pede.

Tô vendo gente falando que os militares precisam voltar. É gente de 50 anos, quando nasceram os milicos já mandavam no Brasil e cresceram sem ver o que acontecia em volta. Só sabiam cantar a marchinha: Vamos juntos todos, pra frente Brasil, salve a seleção.
Tava lendo agora a pouco Aldir Blanc contando o caso de uma canção que ele fez em 1969 e que foi classificada num festival, mas tudo precisava passar pelos censores. A letra dizia:
“Antes do amor
Tu me olhavas docemente
Minha mão corria ardentemente
Por teu corpo tão perfeito...”
Três censores vetaram a música e letra escrevendo: "Texto para maiores de 18 anos e não pode aparecer na TV”, uma disse: “Bonitos versos, mas é puro erotismo” e outro ‘jogou a pá de cal’: “Vetada por ferir as normas da censura”. Aldir tentou um recurso e escreveu: “Venho respeitosamente solicitar vossa atenção para o fato de que o erotismo está em tudo, mesmo nas propagandas da TV”. Não adiantou nada. 
(esses caras esquecidos se estivessem no lugar dessa garotinha beijavam a mão de Figueiredo)

Então, eu e outros que já éramos grandinhos chamávamos aquela época de ‘anos de chumbo’.

Pede pra voltar, pede. 

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Qual será a situação melhor “ser levado” ou “ser deixado”?

Um gato trancado dentro de uma caixa onde um ampola com gás cianeto está prestes a cair, quebrar e matar o bichano. Você está fazendo outras coisas e seu pensamento não consegue se desligar do que está acontecendo dentro da caixa: o gato está vivo ou já está morto?
Estou lendo isto no livro Estranhezas e Mitos da Mecânica Quântica, do professor de Física da UFF, José Augusto O. Huguenin. A situação acima ilustra a Teoria da Incerteza, do físico Werner Heisenberg (p. 38). Só que na ciência que estudam, o estado das partículas subatômicas, há uma superposição de situações: o gato está vivo e está morto. É o que os cientistas chamam de Teoria dos Muitos Mundos, do físico Hugh Everett. Não se refere ao que eu imaginava, planos diferentes, mundos de outras dimensões. Mas é sobre aquilo que nos acontece frequentemente (p. 40): você pode ir por aquele caminho ou por este. Se for por aquele pode lhe acontecer isso ou aquilo, se ficar neste pode suceder uma coisa ou outra. São as oportunidades. (como este momento da foto: podíamos ter voltado pra Rio Claro, ter continuado pra serra do Piloto ou entrado na Várzea, preferimos este caminho).

Voltando ao gato, só se sabe seu estado quando se abre a caixa, do mesmo modo só se pode saber o real estado de uma pessoa quando ela morre ou quando se faz parar o tempo. A grande questão sobre Deus acabar com o mundo é que uma pessoa está ruim agora e amanhã ela pode se tornar boa. Então, quem é inconformado, diz: Se Deus acabar com o mundo está tirando a oportunidade das pessoas. Ele não só acaba com este mundo mas também com os outros mundos que poderiam acontecer.
Jesus, que para mim e outros foi Deus andando conosco, ensinou (Mateus 24:41,42): “Duas mulheres estarão trabalhando num moinho: uma será levada e a outra deixada. Portanto, vigiem, porque vocês não sabem em que dia virá o seu Senhor”. Essas duas mulheres são uma mesma pessoa – como o gato que pode estar vivo ou/e morto -, vivendo de um modo ou de outro. Então, tudo depende do momento em que Deus “abre a caixa”. Jesus conclui (44): “Assim, também vocês precisam estar preparados, porque o Filho do homem virá numa hora em que vocês menos esperam”.

E ainda resta outra questão: qual será a situação melhor “ser levado” ou “ser deixado”?. Oh incerteza!

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Quem se casar com uma mulher divorciada comete adultério.

Porque tantos casamentos se dissolvem? O Espírito Santo está revelando alguma coisa sobre os casais que vivem em segunda nupcia? O cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, disse: “Há agora uma maior consciência de que é preciso preparar os católicos para assumirem as exigências de unidade, indissolubilidade e fecundidade do Matrimônio. Infelizmente, o que nós verificamos em muitos casamentos sacramentais é que não houve preparação, disposição nem compromisso. A recente alteração promovida pelo Papa, simplificando os processos relativos à declaração de nulidade matrimonial vem ajudar a determinar se as pessoas estavam convictas, preparadas e em condições para assumir o Matrimônio católico. Temos de ter muita atenção à verificação da validade do vínculo”. 
(para suavizar assunto tão árido uma criação do amigo Ney Tecídio - com sua licença, meu mestre) 

Esta é uma ‘brecha’ para tornar o segundo casamento válido perante Deus e eliminar a condição de adultério vivida pelo divorciado que se casou novamente. Afinal, o que vale é o que Deus disse por intermédio de Seu Filho: “Outrossim, foi dito: ‘Quem se divorciar de sua esposa, dê-lhe certificado de divórcio.’ No entanto, eu vos digo que todo aquele que se divorciar de sua esposa, a não ser por causa de fornicação, expõe-na ao adultério, e quem se casar com uma mulher divorciada comete adultério”.
A chave para a Igreja aceitar um novo casamento é: Não houve verdadeiro casamento naquela belíssima e cara cerimônia. Nenhum dos dois, ou pelo menos um, não respondeu com seriedade as perguntas contratuais que lhe foram feitas.

Estou lendo a Encíclica Alegria de Evangelizar, do papa Francisco, e ele diz (§ 69): “No caso das culturas populares de povos católicos, podemos reconhecer algumas fragilidades que precisam ainda de ser curadas pelo Evangelho: o machismo, o alcoolismo, a violência doméstica, uma escassa participação na Eucaristia, crenças fatalistas ou supersticiosas que levam a recorrer à bruxaria”. E há mais todo o egocentrismo de nosso tempo pós-moderno. Isto tudo faz que o voto seja dado sem intenção de cumprir o compromisso. Assim, perante o Criador não houve vínculo matrimonial verdadeiro.

domingo, 1 de novembro de 2015

O número de fundamentalistas está crescendo.

Terminei de ler o livro Jerusalém. 

“Ela é um barril de pólvora que pode explodir a qualquer momento” (p. 644). 
- Mas porquê, Zé? 
“A reconciliação entre o religioso, o nacional e o emocional levou a serem feitos quarenta planos de paz no século XX, e todos falharam”. 
– Ainda não entendi a razão disso. 
“Israel se dispõe a compartilhar a cidade velha, mas os palestinos nunca concordaram formalmente com isso”. Veja só essa situação. O Templo de Salomão depois reconstruído por Herodes foi destruído. Sobre o local os árabes construíram a mesquita de al-Aqsa, local sagrado que um judeu não pode nem chegar perto. 

Ao lado tem a muralha do antigo templo, o Muro das Lamentações, local sagrado para o judeus.

Debaixo da mesquita tem a pedra fundamental do antigo templo. Os arqueólogos israelense fizeram um túnel que passa por baixo do al-Aqsa e perto da pedra fundamental. Então, a superfície é solo sagrado para os árabes e o subsolo o é para o judeus. 
“Simon Peres disse: ‘Jerusalém é mais uma chama do que uma cidade e ninguém consegue dividir uma chama”. Tem mais: “Nova-iorquinos, londrinos e parisienses vivem em sociedades cada vez mais secular e ateísta, mas em Jerusalém o número de crentes abraamicos fundamentalistas – cristãos, judeus e muçulmanos  - está crescendo”.