sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Aprendemos a difícil arte de fazer amigos.

Pode ser que seja exatamente isso. A depressão e a angustia podem ser causadas pela falta de um amigo. No livro Quando Nietzsche Chorou, o filósofo desabafa (p. 343):
“Um homem profundo precisa de amigos. Se todo o resto falhar sobrarão seus deuses, mas se não tenho amigos nem deuses? Eu, como você, tenho desejos e meu maior desejo é a amizade perfeita, uma amizade interpares, entre iguais. Que palavras inebriantes, interpares, palavras com tanto conforto e esperança para alguém como eu que sempre viveu só, que sempre procurou mas nunca encontrou sua outra metade. Quando encontro pessoas face a face, sinto-me envergonhado e me retraio”.
O que realmente significa procurar um amigo?
“Nas raras ocasiões em que não consegui aguentar a solidão e dei vazão as minhas dúvidas a uma pessoa próxima, odiei-me uma hora depois e me senti um estranho em relação a mim mesmo, como se tivesse perdido minha própria companhia. Também nunca permiti aos outros se desabafarem comigo... eu não estava disposto a assumir a dívida da reciprocidade”.
Não se ganha um amigo desconfiando e se fechando:
“Evitei tudo isso... até o dia em que nos encontramos. Você é a primeira pessoa com quem sempre mantive o rumo. E mesmo com você, de início, esperei traição. No começo fiquei constrangido com você: jamais escutara revelações tão francas. Mais adiante, outra mudança: passei a admirar sua coragem e honestidade. Numa outra mudança, senti-me comovido por sua confiança em mim. Agora, hoje, o pensamento de deixá-lo me enche de melancolia”.


Ah sim, ganhar um amizade franca nos faz correr o risco de perde-la e sentir muito sua falta. Mas aí o caminho já está aberto. Aprendemos a difícil arte de fazer amigos.

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