sábado, 17 de outubro de 2015

Aprendeu a não ouvir, não ver e está sendo proibida de falar.

Apresentando meu livro ADÃO, FEITO da TERRA à dona de uma empresa de socorro automotivo, depois da minha explicação ela se virou para a secretária, da mesma igreja evangélica dela, porém mais atuante, e perguntou: o que você achou? A senhora respondeu: Não estou de acordo com o que ele disse: “Adão não viveu no princípio do mundo”; ora Deus fez o mundo e no sexto dia fez Adão!
Estou lendo o trabalho de doutorado em Geologia, Plataforma Sul-Americana (p. 5), dos doutores Carlos Schobbenhaus e Benjamim Bley de Brito Neves, que diz: “A Plataforma Sul-Americana tem composição complexa e variada, cuja esquematização atual está retratando história policíclica de seu embasamento, do Paleoarqueano (ca. 3,5 Ga) ao Eo-Ordoviciano (ca. 0,50–0,48 Ga)”.
Você consegue entender a beleza do que está escrito aí? Este imenso triângulo de cabeça pra baixo onde moramos numa beirada perto do mar, é uma peça que foi formada, do jeito que está, durante 3 bilhões de anos (G.a em Geologia é bilhão de anos). E apresenta milhares de cicatrizes causadas por vulcões, terremotos, elevação de terreno, desmoronamento e as grandes separações e aglutinações dos continentes.
“Nela estão registradas litologias, estruturas e outras feições importantes de grandes colagens orogênicas de caráter mundial-potenciais condicionadoras da fusão/aglutinação de supercontinentes – e dos eventos de tafrogênese e fissão subsequentes a todas elas”.
- Ora, uma secretária de uma firma não precisa conhecer Geologia, Zé!

Vivemos num mundo cheio de informações e a televisão nos mostra à toda hora nosso planeta suspenso no vácuo rodando no Sistema Solar. São coisas básicas aprendidas no ensino fundamental e que uma secretária com ensino médio aprendeu com certeza. A menos que – preste atenção há isto – esta pessoa esteja aprendendo a não ouvir, a não ver e sendo proibida de falar, 

por um homem cego que se torna seu guia de cegos. 

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Aprendemos a difícil arte de fazer amigos.

Pode ser que seja exatamente isso. A depressão e a angustia podem ser causadas pela falta de um amigo. No livro Quando Nietzsche Chorou, o filósofo desabafa (p. 343):
“Um homem profundo precisa de amigos. Se todo o resto falhar sobrarão seus deuses, mas se não tenho amigos nem deuses? Eu, como você, tenho desejos e meu maior desejo é a amizade perfeita, uma amizade interpares, entre iguais. Que palavras inebriantes, interpares, palavras com tanto conforto e esperança para alguém como eu que sempre viveu só, que sempre procurou mas nunca encontrou sua outra metade. Quando encontro pessoas face a face, sinto-me envergonhado e me retraio”.
O que realmente significa procurar um amigo?
“Nas raras ocasiões em que não consegui aguentar a solidão e dei vazão as minhas dúvidas a uma pessoa próxima, odiei-me uma hora depois e me senti um estranho em relação a mim mesmo, como se tivesse perdido minha própria companhia. Também nunca permiti aos outros se desabafarem comigo... eu não estava disposto a assumir a dívida da reciprocidade”.
Não se ganha um amigo desconfiando e se fechando:
“Evitei tudo isso... até o dia em que nos encontramos. Você é a primeira pessoa com quem sempre mantive o rumo. E mesmo com você, de início, esperei traição. No começo fiquei constrangido com você: jamais escutara revelações tão francas. Mais adiante, outra mudança: passei a admirar sua coragem e honestidade. Numa outra mudança, senti-me comovido por sua confiança em mim. Agora, hoje, o pensamento de deixá-lo me enche de melancolia”.


Ah sim, ganhar um amizade franca nos faz correr o risco de perde-la e sentir muito sua falta. Mas aí o caminho já está aberto. Aprendemos a difícil arte de fazer amigos.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Limusines com o governador e sua amante.

Na minha idade já se viu de tudo, especialmente a roubalheira dos políticos. Mas nunca na história as pessoas foram tão velhacas. Porém, uma coisa é certa, na grande maioria das vezes nossos governantes não se importam nem um pouco conosco. No livro Jerusalém – que parece nunca vou terminar de ler – me impressionei com esta descrição sobre 1918 (p. 509): “Ahmet Kemal, um dos três paxás que dirigiam o Império Otomano (turco), governador do Egito e da Palestina, seus oficiais e ministros desfrutavam de uma vida de prazer febril enquanto Jerusalém lutava para sobreviver às calamidades da 1ª Grande Guerra. A miséria era tal que muitas das jovens viúvas de guerra (os maridos soldados morreram guerreando) se tornavam prostitutas percorrendo a Cidade Velha se trocando por qualquer quantia. Homens velhos com seus corpos cheios de chagas e sujeira viviam inchados de fome”. Isso o povo, mas os governantes, que diferença! “O notáveis de Jerusalém viviam bebendo e farreando. Certa noite um comboio de quatro limusines com o governador e sua amante, vários políticos otomanos e figurões acompanhados de prostitutas, deixaram a cidade e rumaram para Belém. Foi um evento delicioso para todos, mesmo durante o difícil período em que a guerra e a fome faziam as pessoas sofrer. Todos tomaram vinho e comeram sem parar, as damas lindas cantavam em coro”. [para não dizer que não falei de flores: Borboletas, de Ney Tecídio]


Então, por favor, tenhamos juízo e não acreditemos nunca nas promessas dos políticos, mas vamos ‘botar a boca no mundo’ quando eles fizerem suas lambanças com o nosso dinheiro. 

terça-feira, 6 de outubro de 2015

E depois chegaram os árabes.

Como foi que Jerusalém se tornou a cidade centro do Cristianismo?
O livro Jerusalém (p. 195) fala do que aconteceu 280 anos depois de Jesus ter sido torturado e morto neste lugar: “Em 312 Constantino invadiu a Itália, venceu seu rival e se tornou césar em Roma. Constantino era um soldado rude que usava cabelos até os ombros, ostentava braceletes e o manto cravejado de joias. Apreciava muito os debates entre filósofos e bispos cristãos e era apaixonado por realizar projetos de grande beleza arquitetônica. Adotou o cristianismo e visualizava o império unificado por esta religião. E adorava sua mãe, Helena.”
O cristianismo que começou em Jerusalém tinha ganhado o mundo e o centro das decisões e o bispo principal agora estava em Roma. O que fez a atenção de Constantino se voltar para a cidade onde Jesus morreu?
“Helena, imperatriz septuagenária, ganhou carta branca do filho para embelezar a cidade onde Jesus foi sacrificado. Helena estava determinada a encontrar o sepultura de Jesus. Descobriu que ela estava debaixo do templo de Adriano, dedicado a deusa Afrodite. Tudo foi removido e encontrada a caverna que foi declarada a sepultura de Jesus. Sobre ela edificou um conjunto de quatro prédios que foi a igreja do Santo Sepulcro. Procurou e descobriu, também, o que seria a cruz de Cristo. E no Monte das Oliveira edificou a igreja da Ascensão”.


Jerusalém deixou de ser só a principal cidade dos judeus, mas se tornou o centro da atenção dos cristãos no mundo todo. E depois ainda chegaram os árabes.  

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Reduz-nos apenas a uma das nossas necessidades: o consumo.

Quando de todos os lados lemos e ouvimos críticas ao Capitalismo, encontro em dois homens fortes argumentos de que uma mudança precisa ser feita se queremos que a raça humana continue existindo.
Proudhon (1809-1865), em Pensamento sobre Educação, de Luiza Guimarães (p. 86): “Um governo é um sistema de garantias que deve assegurar a cada indivíduo a instrução, o trabalho, a livre disposição de suas faculdades, o exercício de sua aptidão, o gozo de suas conquistas; assegurará igualmente a todos: ordem, justiça, paz moderação do poder, fidelidade dos funcionários e a dedicação de todos às coisas públicas”.
(para alegrar assunto árido, uma pintura de meu amigo Ney Tecídio, que prefiro chamar Borboletas)


Papa Francisco, na encíclica Alegria de Evangelizar (p. 31): “Uma das causas desta situação [um mundo sem ordem, justiça e paz e cheio de corrupção] está na relação estabelecida com o dinheiro, porque aceitamos pacificamente o seu domínio sobre nós e sobre as nossas sociedades. A crise financeira que atravessamos faz-nos esquecer que, na sua origem, há uma crise antropológica profunda: a negação da primazia do ser humano. Criamos novos ídolos,  uma nova e cruel versão no fetichismo do dinheiro e na ditadura de uma economia sem rosto e sem um objetivo verdadeiramente humano. A crise mundial, que acomete as finanças e a economia, põe a descoberto, sobretudo, a grave carência de uma orientação antropológica que reduz o ser humano apenas a uma das suas necessidades: o consumo”.