sábado, 5 de setembro de 2015

Que terrível jamais ter reivindicado a liberdade.

Estou lendo Quando Nietzsche Chorou, e este trecho me impressionou. Passo para você. Quem está ensinando é Nietzsche que aconselha um médico de meia idade.  
"- Você escolheu sua vida? Ou foi ela que escolheu você?  Você não lamenta a vida que nunca viveu?
- Não, não vivi a vida que queria! Vivi a vida atribuída a mim. Eu, o verdadeiro eu, fui encaixado em minha vida.
- Estou convencido que a principal fonte de sua angústia, aquela pressão precordial... é porque você está explodindo de vida não vivida. O tique-taque de seu coração marca o tempo que se esvai. E que terrível encarar a morte sem jamais ter reivindicado a liberdade, mesmo em todo o seu perigo!
- Mas como posso ser livre? Tenho família, empregados, pacientes, alunos. É tarde demais! Não poderei mudar minha vida: está entremeada demais de outras vidas.
Fez-se um longo silêncio.
- Mas só sei que do jeito que está não pode ficar. Não consigo dormir e não aguento mais a dor desta pressão em meu tórax.

- Amigo, não posso ensinar como viver de forma diferente pois, se o fizesse, você continuaria vivendo o projeto de outrem e não o seu. Mas há algo que posso fazer. Posso lhe dar um presente, meu mais poderoso pensamento. Imagine se alguém dissesse para você que esta vida, conforme a vive agora, já a viveu no passado e terá que ser vivida novamente e inumeráveis outras vezes; ela não terá nada de novo, mas cada dor e cada alegria e tudo de inefavelmente pequeno ou grande em sua vida retornará para você".
Nietzsche não está falando da reencarnação espírita, essa teoria dele chama-se O Eterno Retorno. É uma maneira forte de nos fazer pensar que precisamos tentar caminhos novos em nossa vida e não ficar engessado.

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