quarta-feira, 9 de setembro de 2015

A Igreja o declarou o Anticristo

A cultura de um povo é a memória de seus feitos e inclui cultos religiosos, festas, músicas, confronto com outros povos e maus tratos. Lendo o livro Jerusalém, uma Biografia, de Simon Sebag juntei uma informação a outra que já possuía. 
Frederico II, imperador do Sacro Império Romano (p. 342) “era um cristão convencional e como herdeiro de uma dinastia que vinha de Carlos Magno decidiu que tinha obrigação de libertar Jerusalém. Ele esperava conquistá-la explorando as rivalidades entre os filhos de Saladino. Marchou com suas tropas pela costa de Jaffa e chegou a Jerusalém. Em 11/02/1229 ele conseguiu o insonhável. Kamil, rei de Jerusalém cedeu a cidade sem lutar, oferecendo um acordo: a cidade e um corredor inviolável até Belém [os pontos mais visitados pelos peregrinos], mas os muçulmanos ficariam com o Monte do Templo [onde agora existia a grande mesquita] e a liberdade de ali os devotos do Islam fazerem suas orações. O tratado foi assinado e Frederico recebeu as chaves da Cidade Santa. Mas os dois mundos ficaram horrorizados e o papa o excomungou e o proibiu de permanecer em Jerusalém. Enquanto as mensagens iam de um lado para o outro o imperador mandou rezar uma missa na igreja do Santo Sepulcro e diante de seus soldados alemães fez o seguinte gesto: colou a coroa imperial sobre o altar e em seguida a colocou na cabeça. E disse e depois repetiu numa carta à Henrique III: 'Sendo imperador católico, usamos a coroa que Deus Todo-Poderoso nos ofereceu desde o trono de Sua Majestade, por Sua Graça especial'. A Igreja o declarou o Anticristo, enquanto os alemães o admiravam por sua tolerância e, muito depois, os nazistas o chamavam de o super-homem de Nietzsche”.


Passou-se 250 anos e a relação entre a Igreja e o Estado alemão foi só se deteriorando. Quando o padre Lutero acusou a Igreja de falibilidade e apresentou uma nova religião os nobres alemães receberam-na como uma forma de terminar com os laços que os prendiam a Roma. 
Isso é um aviso da História, de que temos de estar vigilantes para não plantar uma discórdia com alguém, os resultados podem ser perigosos. 

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