A cultura de um povo é a memória de seus feitos e inclui
cultos religiosos, festas, músicas, confronto com outros povos e maus tratos.
Lendo o livro Jerusalém, uma Biografia, de Simon Sebag juntei uma informação a
outra que já possuía.
Frederico II, imperador do Sacro Império Romano (p. 342) “era
um cristão convencional e como herdeiro de uma dinastia que vinha de Carlos
Magno decidiu que tinha obrigação de libertar Jerusalém. Ele esperava
conquistá-la explorando as rivalidades entre os filhos de Saladino.
Marchou com suas tropas pela costa de Jaffa e chegou a Jerusalém. Em 11/02/1229
ele conseguiu o insonhável. Kamil, rei de Jerusalém cedeu a cidade sem lutar,
oferecendo um acordo: a cidade e um corredor inviolável até Belém [os pontos
mais visitados pelos peregrinos], mas os muçulmanos ficariam com o Monte do Templo
[onde agora existia a grande mesquita] e a liberdade de ali os devotos do Islam fazerem suas orações. O tratado foi assinado e Frederico recebeu as chaves da Cidade
Santa. Mas os dois mundos ficaram horrorizados e o papa o excomungou e
o proibiu de permanecer em Jerusalém. Enquanto as mensagens iam de um lado para
o outro o imperador mandou rezar uma missa na igreja do Santo Sepulcro e diante
de seus soldados alemães fez o seguinte gesto: colou a coroa imperial sobre o
altar e em seguida a colocou na cabeça. E disse e depois repetiu numa carta à
Henrique III: 'Sendo imperador católico, usamos a coroa que Deus Todo-Poderoso
nos ofereceu desde o trono de Sua Majestade, por Sua Graça especial'. A Igreja o
declarou o Anticristo, enquanto os alemães o admiravam por sua tolerância e,
muito depois, os nazistas o chamavam de o super-homem de Nietzsche”.
Passou-se 250 anos e a relação entre a Igreja e o Estado
alemão foi só se deteriorando. Quando o padre Lutero acusou a Igreja de
falibilidade e apresentou uma nova religião os nobres alemães receberam-na como
uma forma de terminar com os laços que os prendiam a Roma.
Isso é um aviso da História, de que temos
de estar vigilantes para não plantar uma discórdia com alguém, os resultados
podem ser perigosos.
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