Conversava com Roberta, na UFF, quando ela recebeu um
telefonema e, atoa, peguei seu livro de um curso avançado, Gestão Pública.
O texto
ensina uma atitude para o servidor público bem diferente do que praticam.
Comentei: Toda pessoa que passasse num concurso público ou quem recebesse um
cargo de confiança precisava ler isso. Ela retrucou: Só os que vão servir no
Financeiro de alçada Federal precisam ter este curso; daí dá que no que vemos.
Li um artigo de Gustavo Franco em O Globo onde ele começa
dizendo: “Seria de uma pretensão sem tamanho imaginar que o Brasil inventou a
malversação. Sim, não se pode perder de vista que estamos diante de uma
epidemia global de corrupção”.
Daí o professor me ensinou: “A referência ao cronismo, e
mais ainda a um capitalismo crony, é bem recente e está se tornando de ampla
utilização na literatura econômica e sociológica”.
- O que é cronismo, Zé?
“Tornou-se uma gíria para designar amigos, afilhados,
capangas, comparsas, apaniguados, membros de uma quadrilha ou irmãos no crime;
é alguma forma de favoritismo, arbitrariedade ou corrupção”. Começou mais
descaradamente com os ‘Tigres asiáticos’, países da Ásia que se tornaram
grandes exportadores de produtos de baixa qualidade. “E que retroagiram por
adotarem políticas protecionistas e amistosas demais a grandes grupos nacionais
familiares”. Na Rússia e na China isto também aconteceu, mas com uma variante: “os
velhos aparelhos repressivos se privatizaram em relações nebulosas com o
governo formando uma espécie de capitalismo mais selvagem que os do Ocidente”.
No Brasil “houve uma hegemonia do cronismo sobre o Estado, a ponto de
estabelecer as agendas de políticas públicas e os andamentos da economia. Pior,
esse capitalismo de quadrilhas, comparsas ou companheiros, assume variadas
vestimentas ideológicas, mas sua lógica é simples: a pilhagem”.
Enfatiza o professor Gustavo, que “capitalismo funciona, mas
deve enfatizar a democracia e a horizontalidade, enquanto o cronismo procura
sempre a seletividade e a arbitrariedade”.
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