sábado, 19 de junho de 2010

É bom ensinar religião nas escolas?


Doutrinar ou evangelizar, nem pensar. Mas a história das religiões, informações sobre doutrinas principais – bem pesquisadas para não se passar informação distorcida – e noções de espiritualidade, parecem ser válidas. Refletir um pouco sobre a morte, destino final de cada pessoa, parece ser bem benéfico.
Cinqüenta anos antes de Jesus nascer, no belo poema A Natureza das Coisas, Lucrécio, em Roma, mostra que então, tanto quanto hoje, o ser humano se preocupava com a morte.
"Não se sabe, como seja a natureza da alma: se nasce conosco ou, pelo contrário, se introduz nos corpos; se perece ao mesmo tempo que eles, desfeita pela morte, ou vê as trevas de Orco e os vastos abismos. Ênio também claramente expõe, em versos eternos, que há lugares certos do Aqueronte onde ficam, não as nossas almas e os nossos corpos, mas umas como sombras de estranha palidez; e diz que de lá lhe falou da natureza das coisas, depois de haver derramado lágrimas amargas, o sempre glorioso Homero.
E é por tudo isto que devemos não só tratar dos fenômenos celestes, saber por que motivos se dão os movimentos do Sol e da Lua, e que força produz os fenômenos da Terra, mas ver, sobretudo, com sagaz inteligência, donde provém a alma e qual é a sua natureza e quais são essas coisas que, vindo ao encontro da gente acordada, mas abalada pela doença ou mergulhada no sono, aterrorizam os espíritos, dando-nos a ilusão de que estão diante de nós, e os podemos ouvir, aqueles cujos ossos tocados pela morte se encontram recobertos de terra".
Assim se refere o poeta Lucrécio ao homem e as dúvidas sobre sua existência após a morte do corpo. É lógico, são especulações, não se chega a lugar algum, mas há que se encarar o que nos espera adiante, se para mais não for, servirá para refletir, parar um pouco, e isto é tudo que se precisa nesta correria desenfreada de vida. E até pode ser que ela não seja tão feia ou tão séria.

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