quarta-feira, 23 de junho de 2010

Dragando seu interior


Como diz Lula: nunca, antes, na história deste país, li a palavra "dragar" usada da maneira que Leonardo Kaz, responsável pelo funcionamento do novo museu que será edificado na zona portuária do Rio, perto da praça Mauá, o MAR, usou.
O MAR, Museu de Arte do Rio, vai ocupar dois prédios restaurados de estilos completamente diferentes e que vai valer a pena nós, do interior, visitarmos.
Mas dizia, ele usou o verbo dragar de uma modo novo. Qual seja, puxar do interior do visitante das exposições o que guardam dentro de si.
"Todos os museus concebidos depois da internet têm que ser uma obra em progresso, não há como manter um acervo estático. O olhar não pode ser apenas contemplação, precisa arrebatar".
Já viu uma draga trabalhando em um rio? Sua caçamba arrancando o que jáz no fundo da corrente? Pena que a falta de respeito pela natureza - força criadora que formou um leito, um caminho, para que as águas de uma nascente lá no meio da mata passasse por este lugar plano que os humanos acharam propício para construír suas casas - faz se jogar nele tanta sujeira: pneus gastos, poltronas furadas, tampas de vasos sanitários e os próprios. A draga trás tudo isto pra fora.
Leonardo quando falava das vistas lindas que os visitantes vão ter, tanto das peças em exposição quanto da cidade e do mar - os prédios do MAR terão salas sem paredes para se ver a rua e sermos vistos - pensava que esta contemplação pode trazer para fora, dragar, coisas más que estão em nosso corações e mentes, nos limpando e nos tornando melhores.
O mesmo deve acontecer quando pedalamos ou fazemos um trekking. Nossos olhos, não, todos os nossos sentidos, precisam estar ativos para nos deslumbrarmos com a natureza à nossa volta: os pássaros gorgeando, a cachoeirinha cantarolando no meio da mata, as cores vivas que tudo reflete. Com isto "'dragamos" o supérfluo na gente, nos limpamos. Não é bom?!

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