sexta-feira, 28 de maio de 2010

Rindo das coisas sérias


A Bíblia afirma que "não há nada de novo debaixo do céu". Assim, não é de se estranhar que o humor dos programas humorístico de TV tipo CQC, Pânico na TV e Casseta e Planeta, eram comuns na Europa ao tempo da descoberta do Brasil. Assim nos conta Mijail Bajtín (1895-1975), filósofo russo, em La cultura popular en la Edad Media y en el Renacimiento:
"La risa acompañaba también las ceremonias y los ritos civiles de la vida cotidiana. Así, los bufones y los payasos asistían siempre a lãs funciones del ceremonial serio, parodiando sus actos (proclamación de los nombres de los vencedores de los torneos, ceremonias de entrega del derecho de vasallaje, sagracion de los nuevos caballeros armados, etc.). Ninguna fiesta se desarrollaba sin la intervención de los elementos de una organización cómica; así, para el desarrollo de una fiesta, acontecia la elección de reinas y reyes de la risa. Estas formas rituales y de espectáculo organizadas a la manera cômica y consagradas por la tradición, se habían difundido en todos los países europeo".
Houve épocas em que a seriedade dos costumes predominavam imposta por governos que fingiam ser irrepreensíveis, na realidade eram hipócritas e farisaicos (faça o que eu digo, mas não faça o que eu pratico por debaixo dos panos). Os tribunais da Inquisição tiraram muito da alegria da Europa numa época em que pragas repetidas tiravam vidas e o pouco da sanidade do povo. Na Inglaterra e na América do Norte do século 18 - lá com a era Vitoriana e na outra com os peregrinos protestantes - o povo sofreu ainda mais do que a vida dura já os castigava. No Brasil a seriedade sempre foi vencida pela irreverência e o riso correu solto. Os jesuítas bem que tentaram segurar e patrulhar a vida livre dos europeus que saíram da repressão de suas terras, ou a inocência sensual dos índios, mas o brasileiro nasceu zombando da caturrice da vida. A escravidão quis domar a alegria africana para aqui trazida, mas foi em vão, pois os negros de tudo faziam festa: os restos do porco viravam uma festiva feijoada, as circunspectas festas santas com suas procissões sisudas viravam batuque nos terreiros - São Sebastião, flechado e sofrido, virava Óxossi enfeitado de penas que dançava feliz sob o som dos atabaques.
Não gosto das brincadeiras insistentes dos provocadores da TV, mas dou-lhes razão de tentar tirar a máscara de falsa seriedade de políticos e artistas. Nestes quadros quanto mais o assediado tenta escapar da brincadeira mais sofre. Deviam fazer como o cidadão nos tempos da viagens marítimas e no meio do carnaval não ser só um assistente, mas participar das brincadeiras: "Los espectadores no asisten al carnaval, sino que lo viven, ya que el carnaval está hecho para todo el pueblo".
Sempre foi assim.
"Esto nos permite afirmar, sin exageración, que la profunda originalidad de la antigua cultura cómica popular, su amplitud e importancia, eran considerables en la Edad Media y en el Renacimiento. El mundo infinito de las formas y manifestaciones de la risa se oponía a la cultura oficial, al tono serio, religioso y feudal de la época. Dentro de su diversidad, estas formas y manifestaciones – las fiestas públicas carnavalescas, los ritos y cultos cómicos, los bufones y bobos, gigantes, enanos y monstruos, payasos de diversos estilos y categorías y la literatura paródica, vasta y multiforme, poseen una unidad de estilo y constituyen únicas e indivisibles de la cultura cómica popular".
Como diz a mesma Bíblia: "É bom que o homem se alegre".

Nenhum comentário: