quinta-feira, 13 de maio de 2010

O Caminho Estreito


Quando era um homem jovem me impressionava uma propaganda de cigarro que depois de nos deixar ver um homem e sua bela mansão, sua linda mulher e sua picap incrementada o mostrava fumando e dizia em off: o homem que sabe o que quer. Não eram as coisas que ele possuia e muito menos o seu cigarro de cheiro artificial (que eu só imaginava), mas sua determinação, sua vida em linha reta, sem zigzagues, como a minha.
Schopenhauer diz algumas coisas reveladoras sobre isto.
"Porque, tal como o nosso caminho material sobre a terra não é uma superficie mas uma linha, assim também na vida, quando queremos apoderar-nos de alguma coisa e conservá-la, é preciso que nos resignemos a abandonar uma imensidade de outras. Não saber resolver-se, estender, como as crianças nas feiras, a mão para tudo o que na passagem nos tenta, é uma conduta absurda, é querer mudar em superfície a linha da nossa vida: corremos então em ziguezague, como fogos-fátuos erramos por aquém e acabamos com chegar a nada".
Pessoalmente não gosto das comparações negativas com crianças, suas atitudes, mesmo a de querer provar de tudo na grande feira da vida tem sua razão de ser. Parecendo ter me ouvido ele continua:
"Tentemos outra comparação: segundo a teoria do direito em Hobbes, cada homem em origem possui um direito sobre todas as coisas, mas este direito não é exclusivo; para que se torne tal sobre certas coisas, é preciso que o homem renuncie ao resto e em compensação os outros farão o mesmo em relação ao que foi escolhido por ele".
É isto, não podemos ter tudo o que queremos, mas podemos ser felizes com o que a sorte e nossa vontade nos permitiu alcançar. Então, o filósofo nos aconselha, feito o padre numa homilia:
"Invejar pessoas por posições e condições que convêm ao caráter delas e não ao seu e que o fariam porventura infeliz, lhe tornariam insuportável a existência".

2 comentários:

Big Cooker disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Big Cooker disse...

Sempre é muito bom passar por aqui e lê-lo! Seus textos são surpresas agradáveis que sempre me fazem refletir por horas a fio!

Acredito que nunca desejei ou invejei a vida de alguém, nem nunca quis ser outra pessoa, o que talvez me fazes sentir um vazio muitas vezes exitenciais, é a certeza de que nunca tive uma vida como a maioria, como a presença constantes dos pais! A cada dia tenho percebido o tesouro que é ter essas presenças em nossas vidas...como o passado é algo que nao podemos mudar e nem os acontecimentos fatidicos, ainda sim, me sinto feliz por perceber que eu posso fazer do meu presente uma realidade com caminhos lineares, sem esses desequilibrios doss ``zigzagues``!

Até o proximo post!

Abração!

André.