sábado, 23 de janeiro de 2010

Os amigos e a busca da Sabedoria


Deus me permitiu ter, e me esforço bastante para consegui-los, muitos amigos.
Porém, me empenho mais ainda para ter Sabedoria. Não é fácil adquiri-la. Já em Provérbios (1:20-22), na Bíblia, diz: “Escutem! A Sabedoria está gritando nas ruas e nas praças: Gente louca! Até quando terão prazer em zombar da Sabedoria? Será que nunca a aprenderão?”
Lendo Solilóquios, de Aurelius Agostinho, me deparei com uma importante relação: amigos e Sabedoria.
Neste livreto o mestre dialoga consigo mesmo. Vou te mostrar um pedaço:
“- Agora me diz; por que queres que permaneçam contigo teus amigos?
- Para buscar através do companheirismo desinteressado o conhecimento de Deus e da alma. Juntos, aquele que chegasse primeiro à verdade anunciá-la-ia aos outros.
- E se teus amigos não quiserem dedicar-se a esta busca?
- Eu lhes darei razões para procurar a Sabedoria.
- E se eles não puderem buscá-la, talvez porque imaginem já a conhecerem, ou por acharem ser impossível encontrá-la ou por terem outras preocupação e necessidade?
- Então aproveitarei da convivência deles da melhor forma possível.
- E se com sua presença eles te desviarem da busca da Verdade, preferirás ficar com eles?
- Certamente que não!
- Logo, estás querendo a companhia deles como um meio de alcançar a Sabedoria.
- Penso que sim.
- E se tiveres certeza de que teu modo de vida é um obstáculo ao alcance da Verdade, vais querer prolongá-lo?
- Absolutamente, procurarei com todas as forças abandonar os maus hábitos”.
Quer um discurso mais claro? Não podemos permitir a ninguém nos desviar da busca pela elevação de nosso espírito, ou de quem somos como espírito.
E voltando aos Provérbios (4:7): “Para ter Sabedoria é preciso primeiro pagar o seu preço. Use tudo o que você tem para conseguir a compreensão”.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Desmanchando o imbróglio (o nó)

Estou com um baita problema em casa...
Assim uma pessoa começa a se abrir com um amigo.
Mas nem sempre funciona assim. Na maioria das vezes o indivíduo enrusti o problema, não fala com ninguém. Aí, a dificuldade só cresce. Mas temos um termostato dentro da gente e quando o imbróglio começa a mexer com nosso equilíbrio emocional recebemos um aviso, por sonho. Leia este texto de Carl Gustav Jung, de um seminário que ele dirigiu em 1929:
“O sonho, ao enfatizar que estamos em um lugar público, intencionalmente põe na nossa frente a importância de um estado coletivo, em contraposição com seu sentimento intensamente pessoal sobre seu problema. O inconsciente diz que é um problema coletivo, que está acontecendo em toda parte no mundo. Não é só com ele ou com ela. A sombra o admoesta a vir e fazer algo com outras pessoas, de modo a sentir a comunidade naquele problema particular dele. Vocês perceberão o que isso significa para alguém que pensa que é o único que sofre de sua aflição particular e sente-se responsável por ela. Quando ouve que é um problema geral, é confortado, isto o põe de volta no regaço da humanidade, sabe que muitas pessoas estão tendo a mesma experiência, e que não está isolado. Antes, ele não ousava falar a respeito disso; agora sabe que todos o compreendem. A prescrição particular no Novo Testamento - 'confessem suas faltas uns aos outros' e 'suportem os fardos uns dos outros' - mostra a mesma psicologia que nós encontramos nos sonhos. Nós devíamos ter comunhão e companheirismo no problema que é nosso fardo particular, esta é a admoestação do sonho. Assim o drama de um casal é um problema coletivo”.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Um momento doloroso


Estava lendo santo Agostinho no ônibus, indo para o Rio, quando me aconteceu uma coisa, me permita lhe contar.
Depois do acontecido constatei que lia este trecho: "Nesta vida, ainda que sendo a alma bem aventurada com o conhecimento de Deus, não obstante padece de muitos sofrimentos e espera que se acabem na morte".
Então, minha mente largou o livro e me vi sob lages desmoronadas junto a um homem magro e negro que tinha uma perna esmagada e mal respirava com o rosto virado para o outro lado. Comecei a orar com ele: meu Deus ajude este homem, tenha pena dele, dê-lhe sua benção para que ele espere a morte sem sofrer e sem se desesperar, esse irmão, esse pobre irmão meu Deus.
Não chorei, mas meu coração estava traspassado e agoniado por ele e minha respiração ficou opressa. Então tudo passou. Fiquei pensando: será possível que por um instante a minha mente e a mente de um homem na agonia da morte se ligaram e eu estava com ele? Será que se estávamos unidos ele me ouviu rezando por ele? Num momento cruel é tão bom ter alguém segurando nossa mão, rezando conosco, nos ouvindo gemer ou chorar. É tão triste morrer sozinho. Vai em paz meu irmão.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O que é preciso para me tornar um pensador?


Pegue uma idéia, vire e revire-a de todos os ângulos refletindo em cada aspecto, anote o que descobrir e transmita a nós, preguiçosos mortais, esses novos insights para que nos tornemos melhores.
No livro Confissões santo Agostinho pensa sobre o tempo, veja o que ele viu para nós: "Talvez se deveria dizer, com propriedade, que os tempos são três, porém os vejo coexistindo na alma: o presente das coisas passadas (é a memória), o presente das coisas (a visão) e o presente das coisas futuras (é nossa expectativa). Por isso pareceu-me que o tempo é uma distensão da própria alma".
Ora, o tempo está dentro de nós. E sendo eterna nossa alma vivemos os momentos do passado, estamos vivendo os momentos do presente e algum dia teremos vivido momentos que chamaremos de passado.
No pequeno livro Solilóquios, Agostinho diz que seu alter ego lhe ensinou assim, para ser um pensador: "Peça a Deus força e auxílio para cumprir sua tarefa, começe fazendo isto por escrito. Resuma o que for descobrindo também por escrito e não te inquietes exigindo numerosos leitores, ache suficiente ajudar os seus concidadãos".
Por isto não me canso de escrever o que aprendo para você, meu único leitor.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Como funciona, emocionalmente, nosso cérebro?


Até agora se sabe que temos cinco neurotransmissores: dopamina, serotonina, noradrenalina, acetilcolina e gama-aminobutírico. Elas são substâncias bioquímicas que dão o toque emocional aos nossos pensamentos. As células cerebrais têm filamentos que se conectam, sem se tocar, por sinápses, um espaço. No fim do filamento fica um bulbo chamado pré-sinápse que tem cinco funções: receber o potencial de ação em forma de carga elétrica (o pensamento), produzir o neurotransmissor (cada neurônio produz um tipo), armazená-lo em vesículas (bolsas), envia-lo junto com o pensamento para a sinápse, e recaptar (coletar o que sobra na sinápse).
O filamento de outro neurônio também tem um bulbo, o pós-sináptico, com receptores do neurotransmissor que abre caminho para o pensamento.
A dopamina faz que as ações de uma pessoa fiquem carregadas da sensação de magnificência, poder; a noradrenalina acrescenta euforia as ações; a serotonina dá prazer; acetilcolina aumenta a atenção; e gama-aminobutírico induz excitação.
Cada indivíduo nasce com uma programação que regula a quantidade de células para cada neurotransmissor o que é muito importante na formação do tipo psicológico dele. Doenças, traumas emocionais e (para o espiritualista), o karma (o que está determinado se passar) bagunçam o equilíbrio dos neurotransmissores, aí é "um Deus nos acuda".
Aprendi isto no livro Comportamento Canino, mais uma razão para dizer que eles são os nossos melhores amigos.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Dependente pelo amor


Ainda estou lendo o livro de 640 páginas, O Linguado. Ele fala do amor entre o homem e a mulher; tem assunto mais importante neste nosso planeta? Entretanto, um bom escritor consegue buscar visões novas sobre este tema. Veja como o amor pode ser usado.
“Desenvolveu-se a teoria do amor como meio para derrubar o domínio feminino. Estabeleceria uma medida à qual ninguém estaria à altura. Nutriria uma permanente insatisfação que não conseguiríamos satisfazer. Inventaria para si uma língua de suspiros, embelezaria colorindo”.
Será possível que conscientes ou não os homens tramem sua libertação usando como ferramenta o amor?
“Era preciso erigir o amor como uma superestrutura que tornasse o casamento um evento prático que garantisse a propriedade. O casamento sob este amor ideal produziria segurança; enquanto que ao amor romântico só se podia seguir sofrimento”.
Mas como fazer as mulheres concordarem com um amor que só ajunta o casal para um efeito pecuniário? A trama segue os seguintes passos:
“Só quando se puder (1) sugerir às mulheres o amor como poder libertador e a (2) certeza de serem amadas como a felicidade suprema e depois (3) os homens se negarem firmemente a amar do mesmo modo ou a garantirem a duração de um caso, mesmo quando são amados, amados até a idolatria, logo, quando conseguirmos (4) criar a dependência da mulher da certeza nunca assegurada de que a amamos, ainda a amamos, amamo-la exclusivamente, e então (5) a dúvida de que não mais a amamos se transformar em eterna angústia, em sentimento de inferioridade, em tormento e servidão opressiva, então finalmente o domínio da mulher sobre o homem terá caído”.
Parece tão cruel, mas pense um pouco: não estou manobrando as coisas para que minha mulher fique presa a mim?
Agora veja, diz-se que toda esta trama é feita por nós homens “para podermos ter a certeza da paternidade de nossa ninhada conjugal”.