sábado, 12 de dezembro de 2009

Ainda não é o fim


Os argumentos humanos mudam sempre ao sabor do momento histórico. Veja a explanação de santo Agostinho no livro Cidade de Deus que começou a escrever dois anos depois da invasão de Roma pelos visigodos: " La Ciudad de Dios, está destinada a probar que las invasiones bárbaras no han sido una calamidad excepcional; que las guerras y matanzas son de todos los tiempos, y que los romanos contemporáneos no tienen por qué sorprenderse de ellas si se sienten más débiles que los bárbaros".
Percebeu? Não? Uma das razões para escrever seu livro de 700 páginas foi a de exortar aos cristãos católicos, que perderam quase tudo no saque perpetrado pelos bárbaros, que aquilo não era sinal de um próximo fim do mundo nem de que foi um castigo divino o sofrimento que afligiu tanto ao adorador politeísta quanto ao que acreditava ser Jesus, um judeu da longínqua Galiléia, o filho do único Deus enviado a Terra. "Basta ya de pecar y murmurar. ¡Qué vergüenza que anden los cristianos lamentándose de que Roma ha ardido en época cristiana. Roma ha ardido ya tres, veces: bajo los galos, bajo Nero y ahora con Alarico. ¿Qué sacamos de irritarnos? ¿Para qué rechinar de dientes contra Dios?”
Que diferença dos pregadores que querem subjugar as pessoas pelo medo do fim do mundo! Esquecem a História. Não querem ver que desde o princípio, quando a poeira estelar se ajuntou para formar o planeta, por diversas vezes cataclismos quase eliminaram a vida na Terra, mas ela sobreviveu. Assim são as palavras, mutáveis e poderosas.
PS. A pintura renascentista erra ao mostrar um livro no colo de santo Agostinho, no seu tempo ainda não havia sido inventado esta forma de publicar as palavras, usava-se códice, as páginas enroladas.

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