quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O Eterno Retorno


Em uma das aulas de "atividade artística", na minha infância, aprendi a "olhar" um objeto apreendendo dele o máximo de informação e a perceber que olhando-o de outro ângulo via-se novos detalhes. Foi este olhar detalhado sobre temas comuns da vida que pode fazer o alemão Martin Heidegger perceber no livro Assim Falava Zaratrusta, de Nietzsche, entre muitos assuntos, que ele fala sobre vida, sofrimento e círculo (ou volta sobre si mesmo). E comenta o que aprendeu ali.
Nietzsche "viu" a vida, desde sua forma mais elementar, como "vontade de poder". Esta vontade de existir e de existir "podendo", isto é, avançando e agregando valores a si mesmo, foi o que determinou a multiplicidade de formas de vida em nosso planeta.
No sofrimento dos seres ele "viu" o choque com o tempo, não o que o relógio marca e que nos apressa, mas aquela entidade com passado, hoje e futuro que está sempre a nos dizer: não adiante você ter "vontade de poder" continuar existindo e se elevando pois vou acabar contigo impreterivelmente.
E agora, o círculo, a "volta sobre si mesmo". Mas antes, vamos dar uma apreciada na vingança. Nietzsche "via" vingança como reação a um rebaixamento, uma atitude contra a sensação de ser aviltado. Então vingança se torna uma caça a quem nos diminui. Ora, deste ponto de vista vingança é um deixar de avançar, é um retroceder, é ir contra a "vontade de poder" que é o próprio ente humano. Quem deseja cuidar de sua evolução espiritual não deve reagir a qualquer ação de afronta como se tivesse sido rebaixado, assim não perderá tempo precioso de sua vida, de seu avanço, voltando e indo a caça para vingar-se. Porém, como evitar o desejo de vingança contra o tempo que nos faz sofrer ameaçando, durante cada minuto de nossa vida, tirar-nos a chance de continuar melhorando? Que sugestão nos dão os filósofos para não vivermos em sofrimento, com ansiedade ou deprimidos, diante da ameaça de morte?
Para Nietzsche a solução está no círculo que é mais como a espiral de Carl Jung. Nietzsche diz que teve uma visão em que uma águia dava voltas no céu, ascendendo, com uma cobra enrolada em seu colo, tal qual uma espiral. Esta é, para o filósofo a solução, o meio que temos de continuar vivendo com "vontade de poder" crescer sem que o sofrimento pelo medo de morrer nos rebaixe e nos faça perder tempo precioso procurando uma vingança.
Este é o meio, no pensar de Nietzsche, nos torna um "superhomem", a confiança "no eterno retorno", na volta sobre si mesmo, na ascensão que o tempo não consegue acabar já que somos eternos como ele.

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