domingo, 11 de outubro de 2009

A maravilha da espiral


Fico fascinado com as volutas de uma trepadeira. Ela dá uma volta em torno do galho saindo no mesmo lugar, mas sempre um pouco adiante e um tantinho acima. Assim, lendo o registro de uma conferência feita por Carl Jung fiquei impressionado com sua interpretação da espiral.
"Uma das leis fundamentais do desenvolvimento natural é a de que ele se move em espiral. O homem que descobriu a matemática da espiral vivia em minha cidade, foi Jacob Bernoulli (1654-1705). Em seu túmulo está gravado: 'Sempre mudando e continuando igual, mesmo assim eu ascendo'. Psicologicamente nos desenvolvemos em uma espiral, sempre passamos sobre o mesmo ponto em que estivemos antes, mas nunca é exatamente o mesmo, está sempre acima. Um paciente dirá se queixando: 'Eu estou justamente no ponto em que estava há três anos atrás, doutor!', mas eu digo: 'Ao menos você percorreu três anos'".
Às vezes nos dá vontade de desistir, de deixar a depressão nos arrastar para o fundo, especialmente quando perdemos algo duramente conquistado, mas então nos damos conta de que não perdemos tudo e de que não voltamos ao mesmíssimo ponto. Não, nós estamos em uma espiral e saímos mais adiante em nosso caminho, em nossa ascensão.
Agora, veja o que mais ele diz: "O caminho que a espiral faz é para dentro e para fora sugerindo a função do masculino e do feminino no sexo. Penso nisto como o ritmo da vida, como fases ativas e passivas, alturas e profundidades, o yin e yang. No mito de Gilgamesh a idéia do Homem Perfeito, do Homem Completo, é a de que dois terços do homem são divinos e um terço é humano. Ele é o ser do desgosto e do deleite, aquele que faz os dois movimentos, alto e acima e profundo e abaixo. Gilgamesh é mostrado na mais grandiosa satisfação e no mais profundo desespero, subindo
às maiores alturas e descendo às mais baixas profundidades. A idéia da vida completa é a de um enorme vaivém do alto para baixo, da frente para trás, a diástole e a sístole, o ritmo da vida".
Quando ele proferiu estas palavras, em 1929, os bioquímicos estavam longe de entender o maravilhoso segredo da evolução da vida que está guardado em uma substância química, um encadeamento de moléculas, o DNA e mais distantes ainda de saber que ele está enrolado em uma espiral, se não Jung não perderia a oportunidade de falar: Toda a vida se desenrola numa infinita espiral, como o DNA.
Particularmente só não gostei de desenhar a espiral quando era estudante, com um compasso e um esquadro, em um trabalho de matemática. Foi bem difícil para mim, mas a Natureza a faz facilmente.

Nenhum comentário: