segunda-feira, 7 de setembro de 2009

A reta infinita


Os filósofos são homens e mulheres que tomaram para si a tarefa de refletir sobre a razão de existirmos. Ao invés de ver filmes, que estão cada dia mais vazios, gasto este tempo lendo os filósofos e aprendendo com eles.
Lendo Emanuel Kant me deparei com um intrincado pensamento que prova nossa infinitude. No livro Crítica da Razão Prática ele diz: "Ora, a conformidade completa da vontade para com a lei moral é a santidade, uma perfeição de que nenhum ser racional do mundo sensível é capaz de alcançar em qualquer momento de sua existência".
Ele continua desenvolvendo o raciocínio: "Penso que a proposição de não poder alcançar a conformidade completa com a lei moral a não ser num progresso que vá ao infinito é da maior utilidade".
Por que? "Na ausência dessa proposição ou se despojaria a lei moral de sua santidade fazendo-a benevolente" - quer dizer, por que punir o malfeitor se somos todos malfeitores? - "ou então se exaltaria sua missão até fazer dela um destino inacessível".
Daí, conclui: "A esperança da perfeição do homem viria de sua resolução e a partir do progresso já realizado desde um estado pior para um estado moralmente melhor, podendo esperar uma continuação ininterrupta deste progresso qualquer que possa ser a duração de sua existência, e mesmo para além desta vida".
Com isto concorda o padre Fábio de Melo no livro Quem me Roubou de Mim onde conclui ser um grande crime um cônjuge - ou outras relações que mantenham duas pessoas convivendo, como pai e filho ou patrão e empregado - impedir o crescimento moral do outro já que a missão do ser humano é ascender a perfeição de um filho de Deus e poder dizer cheio de alegria: Eu venci o mundo.
Assim, vemos que aqueles que gastam seu tempo pensando o que os humanos são e qual tem sido o nosso progresso, chegam à conclusão de nossa eternidade. O pensamento real é o que Glória Perez desenvolveu em sua novela Caminho das Índias: os erros e boas ações não se esgotam em uma geração, mas repercutem nos filhos e netos. Uma reta não é um começo e um fim, mas apenas um pedaço de uma curva infinita.

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