domingo, 12 de julho de 2009

Mudando o modo de viver


A necessidade é a mãe de todas as coisas, sim, de todos os seres vivos. Outro nome dela é mãe natureza. Mas assim como a gestação de um novo ser exige desconforto e dor, o parto de uma nova maneira de pensar ou a aplicação de novas leis à sociedade requer negociações muitas vezes dolorosas. Foi como se deu com o fim da escravidão. O livro Brasil, País do Futuro, conta: "De ano para ano o problema da escravidão se torna o centro da discussão, cada vez mais forte se torna a pressão dos grupos liberais para de uma vez acabar com a 'negra ignomínia', mas, no mesmo grau, ou talvez em grau ainda maior, cresce a resistência dos círculos agrícolas, que, não sem razão, temem que uma medida tão súbita cause uma crise catastrófica ao país, de cuja economia nove décimos assentam no trabalho de escravos". É assim, parece que uma grande mudança vai acabar com a economia de um país, como se repete agora, no século 21. Quando os cientistas insistem que a emissão de gases poluentes está colocando a vida na Terra em perigo as indústrias teimam em dizer que mudanças na maneira de produzir vai gerar multidões de desempregados e acabar com a economia. A história se repete.
As pessoas sensíveis sofrem aguardando mudanças que demoram como, no tempo da escravidão, sucedeu com o imperador. O livro conta: "É imensamente penoso, para D. Pedro II, esse homem culto, em suas visitas à Europa, ante os grandes representantes da humanidade, cuja estima procura, ante um Pasteur, um Charcot, um Lamartine, um Vitor Hugo, um Wagner, um Nietzsche, ser considerado o soberano do único império que ainda tolera para os escravos o chicote e o ferreteamento". Quando com sua assinatura a herdeira, princesa Isabel, decreta o fim da escravidão o que não se mantém de pé é aquela forma de governo. "Quase sem ruído rola por terra a coroa imperial; também dessa vez, em que ela se perde, não é manchada de sangue, como quando foi adquirida; o verdadeiro vencedor moral é novamente o espírito brasileiro de conciliação”.
O livro Meio Ambiente (que estou lendo ao mesmo tempo) diz que quando o Clube de Roma, em 1971, avisou que o mundo tinha de parar a poluição e as nações ignoraram o aviso porque temiam confusão mundial “coube a delegação do Brasil liderar o movimento contrário a tese da estagnação, pregando a necessidade de uma maior conscientização dos povos da relação que existe entre o meio ambiente e desenvolvimento”. Liberal, o Brasil vai se adaptando e ensinando ao mundo como não é absolutamente impossível se conformar as necessidades de uma mudança no comportamento individual para que a humanidade continue.

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