sábado, 6 de junho de 2009

Padre Fábio de Melo nas entrelinhas


Fazendo uma releitura do padre Fábio de Melo compreende-se coisas maravilhosas sobre o ser humano. No livro Quem me Roubou de Mim ele diz: "Podemos nos compreender como realidades processuais, isto é, estamos em constante processo de feitura. O ser humano se constrói aos poucos. Tudo já está nele, mas é preciso conquistar-se, alcançar a essência; caso contrário, corre-se o risco de morrer sem ter chegado ao que essencialmente se é".
Um religioso não é necessariamente alguém que pensa o espiritual, ou talvez padre Fábio tenha decidido tratar só do ser humano em sua finitude. Mas não é o caso neste livro, porque, se não todo o esforço que ele nos propõe seria idêntico ao meu se escrevesse este arrazoado e não o salvasse, perdendo-o logo depois de ter escrito tudo. E padre Fábio insiste: "O fundamental já nos foi entregue, resta a árdua tarefa de levantar as paredes".
Para o espiritualista, aquele que vê no humano uma pessoa espiritual vivendo parte de sua existência como um ser biológico, passamos por isto para "tomar posse do que se é, mas que ainda não foi totalmente alcançado". Não que quem pense ser um espírito despreze sua vida terrena, esteja aprendendo só para complementar sua vida no mundo dos espíritos. Nem me diga que ter uma vida longa e bem vivida é o bastante. Já vive 65 anos, vi o Sol nascer e se pôr 21.000 vezes, e ainda quero mais. Preciso fazer tantas coisas ainda! Assim, os tantos que percebem sermos espírito não contam com a idéia de que sendo eternos podem deixar para outra vida a experiência de que fala o padre Melo: "Há talentos que só poderemos saber que os possuímos se fizermos alguma coisa para despertá-los".
Padre Fábio lembra Aristóteles que ensinou que "somos 'ato', tudo aquilo que já é, mas precisamos ser 'potência', tudo aquilo que o 'ato' ainda pode ser". "Terminar é o mesmo que deixar de ser". Só faltou dizer: então, nunca terminaremos porque existiremos sempre.

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