terça-feira, 31 de março de 2009

Vendo um planeta de outra estrela


Quantas coisas os humanos inventaram para suprir suas deficiências, como nossa visão tão precária.
O livro Saber – O Tesouro das Nações diz que em uma tarde, em 1869, observando a luz que emanava de um frasco onde ocorria uma reação química, o físico Gustav Robert Kirchhoff (1824-1887) sugeriu ao seu colega de pesquisa, o químico Robert Wilhelm Eberhard von Bunsen (1811-1899) que usassem um prisma para estudar os diversos comprimentos de onda de luz que revelariam os elementos que estavam presentes naquela reação luminosa. Colocando entre a luz e o prisma um anteparo com uma fina fenda eles obtiveram um espectro projetado numa tela como uma escala. A fonte de calor que Bunsen usava nas reações químicas, o bico com chama fina soprada, foi fundamental nos seus experimentos, pois não interferia na luz produzida pelo composto. Era maravilhoso ver no espectroscópio (que eles logo passaram a usar) a “impressão digital” de cada elemento, como o Na (sódio) que ao ser aquecido produzia uma luz com uma dupla linha amarela. Em 1863 o astrônomo sir William Huggins (1824-1910) usando a recente descoberta do alemão Kirchhoff sobre o uso da espectroscopia no estudo das estrelas, declarou: “Os mesmos elementos que existem na Terra existem nas estrelas”. Só 70 anos depois, em 1932, o astrônomo Rupert Wildt (1905-1976), trabalhando no Observatório de Yale, conseguiu identificar as substâncias químicas, metano e amônia, pela luz que formava a imagem do planeta Júpiter no telescópio.
Agora, o ser humano está estudando planetas em outros sistemas de estrelas pela técnica da relação entre as nuanças de cores da luz que vêm deles e as substâncias químicas correspondentes. Aí você pergunta: Mas que luz vem de um planeta se ele não tem luz própria?
Usando o telescópio Hubble os astrônomos estudaram a atmosfera do planeta ainda sem nome, a 63 anos-luz de distância, do tamanho de nosso vizinho Júpiter, e que tem como identificação a sigla HD 189733b. Um cientista da NASA disse: “Entramos numa era em que conseguimos detectar a quantidade de moléculas de cada elemento na atmosfera de planetas extra-solares. Neste encontramos uma boa quantidade de dióxido de carbono e monóxido de carbono que são produzidos por seres vivos. A abundância destas substâncias nos dá esperança de que aquele planeta seja outro hospedeiro da vida”. Para que a luz da estrela, em volta da qual gira este planeta, não interfira nos elementos dele, os cientistas aproveitaram um eclipse, quando o HD 189733b ficou às escuras encoberto por outro planeta. Nesta ocasião usaram um telescópio denominado NICMOS (Multi- Objeto com câmeras com espectrômetro de Luz Infravermelha) que detecta o infravermelho que é emitido por um elemento aquecido, no caso pelo núcleo do próprio planeta. As ondas infravermelhas são longas e ficam depois do vermelho no espectro de luz que a vista humana consegue perceber. Mas com os instrumentos que nossos cientistas inventaram conseguimos ver.
Veja a grandeza do ser humano, um filho do Criador. Com nossos olhos podemos ver tão pouca coisa, mas inventamos instrumentos que multiplicam nossas capacidades até tão longe quanto à distância que este planeta está de nós.