quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Crise Mundial


Entre os bons conselhos que meu pai me deu estava sobre como ler um jornal: “Para encontrar a verdade temos de prestar atenção nas pequenas notícias, ou àquela frase perdida num texto longo”. Lembrei-me disso lendo uma entrevista do economista Martin Wolf, colunista do Financial Times que falando da crise global disse: “Não me dei conta do quão incrivelmente vulnerável o mundo inteiro ficaria por causa da crise iniciada nos EUA. A grande razão é que não nos demos conta do quanto o sistema financeiro tinha se tornado subcapitalizado”. Ela tem ficado feia para muita gente. Depois de ter feito a fortuna mundial avaliada mais pela emoção - o sentimento de que a sociedade humana tinha tudo sobre controle - do que pelo valor real ter caido pela metade, agora estraga a vida de milhões de pessoas. A China está com 15 milhões de desempregados. Em dezembro as empresas brasileiras demitiram mais de 655 mil trabalhadores.
Pode ficar pior? Pode. Wolf diz: “A recessão deve piorar neste e no próximo ano. Provavelmente em algum ponto de 2010 veremos algum sinal de virada”. O repórter quis saber se a crise vai mudar o modo como a economia global é governada, ele disse: “Se superarmos a crise depois de séria recessão e, em alguns anos, houver recuperação razoável da economia mundial, não acho que teremos ruptura do sistema”; quer dizer, os sabidos vão continuar com toda liberdade para ganhar 'na mão grande' o dinheiro suado de quem trabalha ou trabalhou muito. Mas o aviso de “seu” Gumercindo me saltou aos olhos nesta frase: “Se a crise acabar sendo catastrófica, como nos anos 1930, e a cooperação entre os principais países do mundo se romper, aí o sistema que emergir será quase com certeza totalmente diferente, mais nacionalista, protecionista e regulado”. O que pode ser uma catástrofe? Os deputados republicanos não querem aprovar o plano de ajuda de U$1 trilhão à economia de seu país, não tanto para atrapalhar o democrata Obama em seu governo, mas por temer que esta dinheirama jogada no mercado vá depreciar o dólar a tal ponto que os “principais países do mundo” comecem a se desfazer da moeda norteamericana jogando-a lá em baixo. Então, o sistema capitalista mundial teria de encontrar uma nova fórmula para gerir os negócios humanos e proteger nosso suado dinheirinho. Alguns sonham com este choque de dificuldades para fazer os humanos perceberem que estavam trilhando um caminho que era, no mínimo, uma farsa a verdadeira razão da gente estar aqui.
O que deve mater nossa esperança viva é outra coisa que meu saudoso pai dizia: “Nada resiste ao trabalho!”. Então, mãos à obra. O que tiver de ser será.

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