segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

O Salvador da Crise


A gente tem mania de resolver tudo, de eliminar as confusões. Sempre admirei os colonos norte-americanos nos velhos filmes de cowboy. Mal chegavam numa terra desolada cuidavam de construir sua cabana e ir se cercando dos confortos que tinham deixado no leste. O ser humano detesta o caos, precisa de um ambiente regular para se sentir seguro.
Na antiga Grécia, no tempo que aquela região ainda era habitada por tribos rudes e não havia ainda um povo, os helenos adoravam Dionísio, o deus da orgia, das bebedeiras e das festas sem limite. Quando cidades-estado se formaram - Atenas, Esparta e outras - o povo preferindo a ordem passou a adorar Apolo, outro filho de Zeus, que impunha uma adoração com hierarquia e um código de leis que protegesse a vida dos cidadãos e de suas famílias. Era o desejo humano de aplainar seus caminhos.
Bem de acordo com este pensamento, li estes dias um comentário sobre o escritor Ernst Jünger (1895-1998) autor de Nos Penhascos de Mármore defensor da idéia de que a política é efêmera e passageira mas que insistia na existência de alguma coisa verdadeira por trás das ações humanas, desejo este que nunca se esgota e que cristaliza tudo. “Só nos conservamos vivos graças à suposição de uma ordem oculta sob o real. Também é verdade que esta crença sempre carrega uma decepção, pois os acontecimentos não se cansam de nos trair”. Neste livro seus personagens, um agricultor e um poeta, vivem numa terra tranqüila chamada Marina cujos limites são profundos penhascos. Lá em baixo, na Mauritânia, vive um povo violento com uma história de terror. Este livro escrito em 1939 é uma paródia sobre o nazismo.
O partido de Hitler e de sua quadrilha assistiu seu país tão rico ser destroçado por políticos sem patriotismo, assim os nazistas decidiram consertar tudo em uma geração, em 20 anos. Conquistando vitórias expressivas nas urnas foram mudando a constituição, as leis e as tradições germânicas para construir o 3º Reich, um novo Império Romano Germânico. “Eles acreditam que o mundo é um mapa que pode ser manipulado ao seu prazer”. No romance a barbárie rastejou para a terra que vivia sossegada e segura e como um réptil silencioso atirou aquele povo não nas trevas do terror, mas na luz atordoante de mudanças que mexeu com a vida de milhares de famílias.
Jünger, que também era naturalista, estudou Zoologia e Botânica na universidade de Leipzig e era um dedicado pesquisador de sementes e insetos. “Se você se interessa pelos animais e coisas pequenas, o mundo imediatamente se faz imenso”. Ele levou esta maneira de ver o cosmo para sua literatura detendo-se nas minúcias, nos pequenos sinais que indicam as mudanças que podem mexer com nossa vida e de nossa família. E assim precisamos ver o mundo. Olhe com atenção as pequenas notícias nos jornais, elas são avisos do terror que tramado por políticos que acham que são salvadores e podem mudar tudo em pouco tempo acabam tirando toda nossa estabilidade e paz. Jesus avisou que um cristão deve ser assim, vigilante (Mateus 24:32): "Aprendam a lição que a figueira ensina. Quando seus ramos ficam verdes e as folhas começam a brotar, vocês sabem que o verão está perto. Assim também quando virem acontecer essas coisas fiquem sabendo que o tempo está próximo". Ou como dizia Ibrahim Sued, o grande colunista social: "Olho vivo porque cavalo não desce escada".

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