sábado, 26 de abril de 2008


A Formação de uma Nação

Os militares e alguns políticos andaram avisando que no norte de Roraima, nas aldeias indígenas, o inglês é mais usado que o português e ante o perigo do Estado brasileiro perder um pedaço de seu território voltam as discussões sobre o que é uma nação.

No O Globo de 05/04/2008 p 3 do Prosa & Verso comenta as três definições mais comuns do que seja nação. O primordialismo explica que ela se forma pelos laços antigos entre seres humanos; o etno-simbolismo ensina que elas se formaram “pelo desdobramento de ligações entre pessoas pertencentes a comunidades étnicas antigas com uma comunhão de valores e símbolos”, uma mesma cultura; e o modernismo diz que as nações são “um fenômeno extremamente recente na historia humana”. O professor inglês Benedict Anderson, defensor desta última linha de estudo, diz que a noção de “nação não é algo natural, inerente á raça humana, mas uma coisa que se tornou possível a partir de determinadas condições”. Que são: a organização das comunidades religiosas, as descobertas marítimas de novos continentes, as mudanças provocadas pela industrialização de produtos e o aparecimento dos sistemas educacionais nacionais.

Para Benedict as razões mais determinantes foram: a publicação de literatura no vernáculo ao invés da língua sagrada, o Latim; fim do absolutismo e do poder baseado no “direito divino dos reis”; a percepção da passagem do tempo e do movimento e da mudança das coisas. Ele diz que a “concepção medieval da simultaneidade-ao-longo-do-tempo é uma idéia de ‘tempo vazio e homogêneo’, por assim dizer, transversal, cruzando o tempo como uma coincidência temporal” e cita como exemplo a representação dos personagens bíblicos de antes e depois de Cristo vestidos e ambientados como os cidadãos do século XVIII.
Logicamente o político sempre “antenado” viu no nacionalismo um poderoso instrumento para manter as pessoas que viviam uma mesma cultura sob seu governo.
Assim, um amazonense compartilha história, músicas, crenças religiosas, comidas e festas com um baiano ou um gaúcho – apesar das diversidades regionais que só enriquecem a nação.
Por isso é importante que não se permita aos estrangeiros criar uma cultura em substituição ao pequeno vínculo que os índios da fronteira norte têm com o restante dos brasileiros.

Então continuaremos vivendo como uma nação até que chegue o tempo, como dizia John Lenon, em que não haverá mais nações e toda humanidade viverá e resolverá seus problemas como uma grande nação.

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