sexta-feira, 4 de janeiro de 2008


Pode ser a idade ou a vida estressante que se leva hoje em dia, seja pelo que for o resultado tem sido uma irritante falta de atenção que acaba me fazendo errar me obrigando a refazer procedimentos, aumentando a irritação e alimentando o ciclo mau do estresse. Mas quando estamos na trilha pedalando pelas estradas de chão e cercado pela natureza que foi o meio que nos gerou, todo o organismo começa a trabalhar num ritmo diferente. Se você me perguntar não vou saber descrever qual seja a mudança, é muito sutil, mas faz o coração bater sem palpitação e o cérebro rodar os pensamentos mais suavemente. O resultado é que tudo se torna mais nítido: as cores da vegetação, dos insetos e dos pássaros; o som da água rolando entre as pedras, do vento no capinzal e nas folhas das árvores e do canto dos passarinhos; e detalhes do mundo natural que me passariam despercebidos na correria do trabalho ficam bem destacados diante de meus olhos. Você pode dizer que isto acontece porque estou meio dopado e acertou em cheio. O exercício físico que realizamos com o ciclismo faz o corpo produzir várias substâncias químicas que são estimulantes e indutores do prazer. A gente fica numa boa.
Mas estou falando isto tudo a propósito da “tendência verde”, já ouviu falar? O Globo de 03/01/2008 p 28 diz: “Imagens de satélite têm, inclusive, comprovado o que se tem chamado de ‘Tendência verde’”. Já explico.
Neste domingo, 30/12/2007, voltávamos de uma pedalada até uma cachoeira em Quatis em direção Amparo quando reparei numa plantação de milho muito verde, farta, com folhas grandes, quase tirei uma foto dela. Passou pela minha cabeça que as plantas pareciam desmesuradamente grandes. O sol estava tão forte que nem tinha saliva para discutir a impressão com os colegas. Depois de descansar na fazenda Santana do Turvo retomamos o caminho passando pela trilha do Peixe. De novo reparei que o capim crescendo a beira da estrada estreita estava enorme, com a lâmina das folhas bem largas e verdes – dois meses atrás passamos por ali com tudo seco, o mato destruído por uma queimada. No meio do sombreado desta trilha tive ânimo de conversar com o colega Sidney sobre minha idéia que agora vejo corroborada no jornal.
Considerei que se a humanidade está jogando mais CO2 na atmosfera e os átomos que compõe esta molécula é o que as plantas usam no processo da fotossíntese para produzir massa vegetal, que é a base de toda cadeia da vida, então elas têm hoje uma abundância anormal de material para usar no seu crescimento. O mesmo gás que provoca o efeito estufa e aquece o planeta também fará as plantas se desenvolverem mais. João Bosco aproximou-se da gente e chamou atenção para um terreno recentemente arado em que o milho crescia muito rapidamente. Não que isto nos permita abusar dos recursos do nosso planeta impunemente, mas nos faz admirar o mecanismo de autoregulação desta nossa nave espacial, de nossa casa no espaço. Porém é evidente também que o clima está se modificando por causa do aumento da temperatura. Se isto mexer com as chuvas o ecossistema terá que se adequar as mudanças e a cadeia da vida, começando pelos vegetais e bactérias mais simples até as aves e mamíferos selvagens e domésticos e finalmente o homem, vão ter que sofrer graves modificações ou vão desaparecer.
Então, é bom não gastar tanto, ser mais comedido e menos exibicionista, usar a água com muito respeito dando o devido valor a este líquido básico pra existência da vida neste planeta e evitando de todo o modo a poluição.

Então, apreciemos o crescimento mais animado das plantas e aproveitemos para cuidar do jardim de nossa casa, plantar uma árvore nos bosques públicos da cidade ou no quintal de casa. Quem sabe se um feijão que a gente enterre e regue não vai virar uma planta descomunal? Além disso, é preciso ter confiança de que não estamos sozinhos e que há um designo para tudo que acontece na Terra.

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