terça-feira, 13 de março de 2007


FRIEDRICH HOLDERLIN 1770-1843 Poeta, autor de Hiperion este alemão teve o privilégio de disseminar um pensamento que influenciou a vida do povo alemão no início do século XVIII e que foi denominado Idealismo alemão. Naquele momento o ser humano se esforçava para mesclar sua fé nos espíritos e sua crença no absoluto com o racionalismo que lhe era imposto pela ciência e pela relatividade de qualquer verdade diante de outras maneiras de viver que vinham tanto do Oriente quanto do Novo Mundo. Naquele livro, em poesia, ele dizia que “nem nosso saber nem nossa ação alcançarão em qualquer período de nossa existência o ponto em que é abolida toda contradição em que tudo é uno”.
Ele explicava que dentro de nós mesmo somos amparados por crenças e conceitos que nos mantém equilibrados, o problema começa porque temos que interagir com o mundo e precisamos moldar nossa maneira de pensar com as leis naturais que o mundo nos apresenta: “Com freqüência parece-nos que o mundo é tudo e que não somos nada, mas de outras vezes pensamos que somos tudo e que o mundo não é nada”. Já percebeu que quando saímos de casa bem cedo de manhã parece que estamos sozinhos na rua e, de repente, quando surge uma pessoa numa esquina sentimos como se ele estivesse invadindo nosso espaço, como se o mundo todo funcionasse só pra agente. Assim, o Idealismo era um jeito de pensar que ajudava a manter o individualismo das pessoas daquela época. Com certeza isto não serve mais para nós, hoje.
Leia os versos de OUTRORA E HOJE:Meu dia outrora principiava alegre;No entanto à noite eu chorava. Hoje, [ mais velho, Nascem-me em dúvida os dias, masFindam sagrada, serenamente.
www.algumapoesia.com.br/poesia2/poesianet178.htm

ZYGMUNT BAUMAN 1925- Professor emérito de Sociologia na Univ. de Leeds ele estudou as mudanças que levaram o ser humano a este mundo moderno e a era do Consumismo que está colocando em perigo o equilíbrio de nosso planeta e que possibilitou o surgimento da vida aqui. Foi ele que chamou a nossa maneira de viver de fluídica, em contraposição à solidez que buscavam as gerações passadas.
Um tanto pessimista ele ensina que esta liquidez humana atual torna a existência uma sucessão de experiências rápidas e sem profundidade. Assim, parece que Bauman julga nosso tempo como sendo de menor valor do que o dos seus tataravôs. “A vida líquida é uma vida precária, vivida em condições de incerteza constante”. Ele não pode ter esquecido que foi esta existência de perigo constante que construiu a própria espécie humana! De qualquer forma atesta que em nosso tempo a morte rápida e o reinício se tornou um acontecimento constante e interminável. Em Vidas Desperdiçadas ele diz que “tudo é descartável, substituído, e logo depois substituído de novo, numa sucessão de colapsos”. Mas reconhece que mais uma vez a lei insensível da Seleção natural está moldando um novo homem “com identidade frouxa e desejos extremos que se consideram em casa em muitos lugares”. Decreta que para tais “o importante não é saber quem você é, mas quem você deixou de ser”.
Faz-nos lembrar Picasso desconstruindo a pintura com seu Cubismo e que dizia: “Quando pretendem me classificar em uma categoria, já me transformei, já estou em outra parte”. Assim parece que esta experiência atual que transformou o romântico namoro em um prático “ficar” abre um leque infinito de possibilidades para o ser humano ao passo que estilhaça as certezas e os antigos dogmas. E não foi sempre assim que evoluímos? José Castelo sentencia: “Se o mundo líquido estimula o consumo veloz desconstruindo descarte, ele estimula também o desejo de criar”. Bauman listava algumas vantagens deste nosso modo de vida: “Ele pode nos levar ao espírito de aventura, a uma imaginação mais expandida, a riscos férteis da liberdade íntima e nos aproximar de nós mesmo”. Muitos temem este viver a beira do abismo e correm para se agarrar a certezas que já deviam estar a muito tempo descartadas, como as crenças religiosas antigas.
Bauman se inquieta com a sanidade mental de gentes que não tem tempo para nada demorado e teme pela perda da identidade deles. Mas não foi isso que antigos buscadores da verdade ensinavam (como Buda), dizendo que precisamos vencer o desejo e precisamos diluir-nos na unidade do Universo? Na foi o que ensinou o mestre Jesus: “Portanto, não fiquem preocupados, dizendo: ‘Onde é que vou arranjar comida, bebida e roupas?’ Os pagãos estão sempre procurando estas coisas”. Não parece que estamos nos aproximando daquele desejo antigo do homem: um dia ser um espírito sem mais nenhuma razão para preocupação?
www.klepsidra.net/klepsidra23/modernidade.htm

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